Essa é uma pergunta que ouço muito dos meus pacientes no consultório. Também é comum perguntarem se o nódulo pode evoluir para câncer de tireoide e se tem algo que possam fazer para que o nódulo diminua de tamanho e desapareça. Vamos esclarecer essas dúvidas!
O que é o nódulo de tireoide?
O nódulo de tireoide é uma massa de tecido tireoidiano que ocorre pelo crescimento anormal das células. Eles apresentam diferentes tamanhos e podem ser benignos ou malignos, únicos ou múltiplos. Além disso, alguns nódulos de tireoide produzem hormônios tireoidianos em excesso, provocando hipertireoidismo. Nesse caso, podemos ter um nódulo único hiperfuncionante (Doença de Plummer) ou múltiplos nódulos funcionantes (bócio multinodular tóxico).
Benigno ou maligno?
A maior preocupação é o risco do nódulo ser maligno. Mas, na maioria dos casos, os nódulos da tireoide são benignos. O risco de malignidade vai depender das características do nódulo e do paciente. Por exemplo, nódulos sólidos, hipoecogênicos (mais escuros), com margens irregulares e com microcalcificações apresentam maior risco de malignidade. Por outro lado, pacientes com exposição prévia à radiação na área do pescoço também apresentam maior risco de terem um nódulo maligno na tireoide.
O nódulo de tireoide causa sintomas?
A maioria dos nódulos não causa nenhum sintoma. É muito comum que eles sejam descobertos durante um exame físico de rotina ou em exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia do pescoço.
Em algumas situações, os nódulos podem crescer muito e apresentar sintomas como:
· Sensação de bolo na garganta;· Engasgos e dificuldade para engolir;· Falta de ar (principalmente ao deitar).
Já quando o nódulo produz hormônios em excesso, o paciente pode apresentar sintomas de hipertireoidismo, como:
· Perda de peso;· Sudorese;· Tremor;· Palpitação (batedeira no peito).
Por que o nódulo de tireoide aparece?
A causa do surgimento de nódulos tireoidianos não é tão bem conhecida. Uma das causas é a deficiência de iodo na dieta, mas, no Brasil, a adição de iodo ao sal de cozinha já corrigiu esse problema. A tireoidite de Hashimoto (doença autoimune da tireoide) e a obesidade também estão associadas à presença de nódulos de tireoide. Outros fatores são a idade, genética e fatores ambientais (poluentes).
Como é feito o diagnóstico do nódulo de tireoide?
A ultrassonografia de tireoide é o melhor exame para a avaliação dos nódulos. Com ele, é possível saber o tamanho, a composição, o contorno e a localização dos nódulos, e, dessa forma, identificar se o nódulo é suspeito para malignidade. Quando há uma suspeita, está indicado fazer uma punção aspirativa guiada por ultrassonografia (PAAF – punção aspirativa por agulha fina). Na punção, nós aspiramos um pouco do conteúdo do nódulo com uma agulha bem fina e avaliamos as células no microscópio. O exame de PAAF é simples, rápido e quase indolor.
O que pode ser o nódulo na tireoide?
Pelo resultado da PAAF, o nódulo pode ser:
Benigno: em até 80% dos casos. É representado no seu laudo como “Bethesda II”.
Maligno: é obtido em cerca de 5% dos casos e vem como resultado “Bethesda VI”.
Indeterminado: este diagnóstico pode ocorrer em cerca de 20-40% dos casos. Isso significa que os achados não foram suficientes para garantir que o nódulo seja benigno ou maligno. Pode ser Bethesda III (Atipias de Significado Indeterminado), Bethesda IV (Neoplasia Folicular) ou Bethesda V (suspeito para malignidade).
Quando é preciso operar?
Geralmente, os nódulos benignos não precisam ser removidos cirurgicamente, a menos que sejam muito grandes e causem sintomas. Os nódulos benignos que produzem hormônios e causam hipertireoidismo podem precisar de cirurgia, porém existem outras alternativas, como a radioiodoterapia e a ablação por radiofrequência.
Já no caso de nódulos indeterminados, nós avaliamos de acordo com as características do nódulo se é necessário repetir a punção ou fazer testes complementares com análise genética.
No caso de nódulos malignos, o tratamento vai depender de diversos fatores. Como os nódulos malignos de tireoide geralmente apresentam um comportamento indolente, é possível, em alguns casos de tumores menores que 1 cm (microcarcinoma de tireoide), realizar o acompanhamento do nódulo e só indicar cirurgia se houver algum sinal de agressividade da doença. Esse tipo de seguimento é chamado de vigilância ativa. Nos casos com indicação cirúrgica, é importante discutir a possibilidade de retirar apenas uma parte da tireoide, preservando a sua função. Além disso, existem alternativas como ablação por radiofrequência e cirurgia por acesso transoral (que evita a cicatriz no pescoço). O endocrinologista deverá te ajudar na escolha da melhor opção para você, em conjunto com o cirurgião de cabeça e pescoço.
Comments